segunda-feira, 19 de junho de 2017

TV paga sofre nova queda. É a crise!

Por Altamiro Borges

Bem que a mídia chapa-branca, nutrida com milhões em publicidade do covil golpista de Michel Temer, tentou criar um clima de otimismo na sociedade sobre os rumos da economia. Apesar das péssimas notícias – com recordes de desemprego, queda do salário, falência de empresas, etc. –, os ex-urubólogos da mídia passaram a repetir o mantra “mas vai melhorar”. O tempo passou e a realidade desnudou mais esta farsa da imprensa manipuladora. Agora não dá mais para esconder o desastre causado pela quadrilha que assaltou o poder – com a inestimável ajuda da mídia golpista. Os efeitos são devastadores até para as próprias empresas de comunicação. No mês retrasado, por exemplo, a TV paga perdeu 171 mil assinantes e agora afunda na crise.

Segundo notinha postada por Keila Jimenez neste domingo (18) no site R-7, “os esforços por parte das operadoras de TV paga são grandes, mas está difícil conter a queda de assinantes do serviço no país. De acordo com os últimos dados divulgados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os números deste ano não são os melhores. Em abril, as empresas tiveram que lidar com a perda de 171 mil clientes, o que corresponde a 0,9% a menos de usuários que o mês anterior. As maiores taxas de cancelamento foram na região nordeste. Em comparação com o mesmo período do ano passado, Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte são os líderes da lista de cancelamentos de assinaturas... E esses números seguem caindo”.

O mesmo registro já havia sido feito por Ricardo Feltrin no site UOL. “Dados dos assinantes de TV paga divulgados pela Anatel mostram que abril fechou com 18,76 milhões de pontos no país. Foram 171 mil assinantes a menos que em março (18,93 milhões, ou cerca de 1% a menos). Em abril do ano passado havia 18,908 milhões que estavam listados. Os números apontam que o setor passa, no mínimo, como boa parte da economia nacional, por um longo período de estagnação. E até de queda, se recuarmos para 2014... Procurada pela coluna, a Associação Brasileira de TVs por Assinatura (ABTA) disse que ‘o desempenho de setor reflete a crise econômica do país’. Desde o final de 2014 o setor perdeu cerca de 1 milhão de assinantes no país”.

A perda de audiência da TV aberta

Enquanto a TV paga perde assinantes – e lucro –, a televisão aberta perde audiência, o que resulta na fuga dos anunciantes e também na queda do faturamento. Isto decorre principalmente do aumento do acesso à internet. As emissoras tradicionais até tentam resistir, mas o impacto é cada vez mais sentido. No caso da Rede Globo, com o seu enorme poderio, a capacidade de resistência ainda é maior. O império global inclusive tenta se adaptar à nova realidade. Nos últimos meses, segundo informa Ricardo Feltrin, “a TV Globo tem investido pesadamente em seu aplicativo de streaming Globo Play” para tentar se contrapor ao crescimento da Netflix e de outros serviços pela internet.

“Além de disponibilizar todo o seu conteúdo próprio e cotidiano na plataforma, a emissora avança e está lançando produtos exclusivamente ou previamente no Globo Play. Foi o caso do seriado ‘Brasil a Bordo’, de Miguel Falabella, e da minissérie ‘Carcereiros’ – ambos lançados somente em streaming. Apesar de todo o investimento, a Globo diz não considerar o Netflix seu concorrente. Afirmação questionável, uma vez que a emissora se recusa categoricamente a vender quaisquer produtos ao serviço de streaming originário dos EUA. A Globo não revela o número de assinantes de seu serviço, mas vem repetindo à imprensa que já foram feitos ‘13 milhões de downloads’ do seu aplicativo”.

“O problema é que isso não significa basicamente nada. 13 milhões de downloads não significam 13 milhões de assinantes. Aliás, tudo indica, não está nem perto disso. O Netflix também não revela seus números, mas estima-se que tenha no mínimo quatro milhões de assinantes somente no Brasil, e que seu faturamento já seja superior ao de emissoras como o SBT... A emissora diz enxergar o aplicativo Globo Play como um ‘aliado’ da TV. ‘No caso das novelas, por exemplo, temos visto o Globo Play como aliado da audiência de quem, por algum motivo, perdeu um capítulo, e recorreu à plataforma e voltou ao vídeo para seguir a sua história preferida’, diz a emissora”. A resposta oficial, porém, não esconde os traumas do império global.

Band e RedeTV! afundam

Já as outras emissoras privadas, que sempre foram esmagadas pelo império global, passam por maiores dificuldades. Em maio passado, por exemplo, a TV Bandeirantes deu início ao processo de fechamento dos seus escritórios em todo o país. Segundo matéria de Flávio Ricco, ela “encerrou as atividades em Araçatuba (SP). Todos os funcionários foram demitidos. A Band-Presidente Prudente dispensou os serviços do seu diretor-geral e da editora-chefe do jornalismo, que serão trocados por outros com salários mais baixos. Um processo de enxugamento que não tem dia e nem hora para terminar, e não irá se limitar apenas a São Paulo. A grande preocupação, diante do processo instalado para redução dos custos operacionais, é que algumas dessas medidas possam vir a comprometer a qualidade dos seus trabalhos”.

No caso da RedeTV!, o cenário é ainda mais dramático. Hoje ela é mantida graças ao arrendamento ilegal do seu horário para programas religiosos. Em maio, o “pastor” R.R. Soares sinalizou que não pretende mais renovar o contrato com a empresa. O motivo alegado seria a já baixa audiência da emissora, que não compensaria os altos custos da locação. Em recente entrevista ao jornalista Mauricio Stycer, o picareta Marcelo de Carvalho, sócio e vice-presidente da RedeTV! – a quinta maior rede aberta do país – confirmou que “se não vender o horário para igreja, eu quebro”. Ele também aproveitou para criticar a Rede Globo, sem citar seu nome. “O Brasil é o único país do planeta Terra onde a emissora líder tem 34% de audiência e recebe entre 80% e 90% do dinheiro do mercado”. Metido a engraçadinho, ele confessou que não assiste aos programas de sua mulher, Luciana Gimenez. “O que gosto de ver na TV, à noite, são as séries da Netflix”.

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