terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

O cálculo na escolha de Alexandre de Moraes

Por Pedro Breier, no blog Cafezinho:

Alexandre de Moraes acaba de ser indicado pelo governo Temer para a vaga aberta no STF com a morte de Teori.

O currículo de Moraes é uma mistura de truculência e incompetência, temperada com pitadas de fanfarronices e bizarrices.

Como secretário da segurança pública de São Paulo, durante o governo Alckmin (2014-2016), comandou verdadeiros massacres contra manifestações políticas da esquerda. Ficou clara a estratégia da PM de provocar os manifestantes e incitar a violência para depois justificar os tiros, as porradas e as bombas.

Moraes tem o DNA truculento do governo golpista: este chegou ao poder através da violência contra as urnas e a democracia; aquele garantiu que os protestos dos adversários políticos na maior cidade do país fossem silenciados, com muito derramamento de sangue.

A atuação no ministério da justiça de Temer foi um festival de incompetência. Sob a batuta de Alexandre de Moraes diversos presídios do país foram tomado por rebeliões e massacres.

A solução encontrada foi mandar o exército para os presídios. Não dá pra esperar muito mais de alguém que defende menos pesquisa e “mais equipamentos bélicos” para resolver o problema da segurança pública. Também merece destaque o episódio em que Alexandre negou pedido de ajuda da governadora de Roraima, depois negou que tinha negado e por fim teve que admitir. Patético.

Antes da crise nos presídios Moraes já tinha balançado no cargo por, em uma atitude incrivelmente juvenil, não segurar a língua e revelar aos amigos do MBL que a Lava Jato agiria nos próximos dias. Um grande fanfarrão.

Agora, a bizarrice. O novo ministro do STF tinha um plano: erradicar a maconha da América Latina. Mas Moraes não é apenas um burocrata e ele mesmo resolveu dar início ao seu totalmente factível plano, cortando pés de maconha com um facão. Promissor.

Os fatos de Moraes ser filiado ao PSDB e de Temer ter se reunido ontem com o ministro mais tucano do STF (ao menos até agora) só deixam a situação mais desastrosa.

Contudo, sob o ponto de vista do governo Temer e das forças da direita, a nomeação de Alexandre envolve um cálculo político bem feito. As críticas estão pulando que nem pipoca agora, mas depois da nomeação ser confirmada pelo Senado não haverá muito o que fazer. Moraes fará o jogo da direita na suprema corte brasileira por… décadas.

A sua indicação significa que a direita compreende que o jogo do poder é bruto e não se constrange em colocar seus quadros mais orgânicos em postos chave.

Lula e Dilma, por sua vez, brincaram de “republicanismo” e o resultado é um STF covarde comendo na mão do cartel midiático. É emblemático que nada menos do que todos os ministros indicados pelo PT avalizaram o golpe.

Um próximo governo de esquerda não terá o direito de cometer o mesmo erro.

1 comentários:

Anônimo disse...

Gostei do otimismo:
"Um próximo governo de esquerda ..."
Favor esclarecer:
Quando e Como ???