domingo, 4 de dezembro de 2016

Globo, Band e o presidiário Sérgio Cabral

https://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, agora está no presídio de Bangu e virou saco de pancada da mídia falsamente moralista. As joias, as lanchas, os carrões e outros produtos de luxo dele e de sua esposa são exibidos como prova inconteste de que todos os políticos são corruptos – reforçando o coro fascista da negação da política. Mas, em um passado nem tão distante, o tratamento dado ao chefão do PMDB – o mesmo partido do Judas Michel Temer – era bem diferente. Ele era blindado pela imprensa mercenária. Na prática, como revelam os três exemplos abaixo, Sérgio Cabral mantinha uma relação bastante sinistra e promíscua com os barões da mídia.

- Pouco antes de ser preso em meados de novembro, Anthony Garotinho, que também governou o Rio de Janeiro e comprou várias brigas com a famiglia Marinho, postou um vídeo demolidor nas redes sociais. Num dos trechos, ele afirma que o “o jornal O Globo recebeu R$ 2 bilhões do Cabral” em publicidade, o que explicaria a sua cumplicidade com a desastrosa gestão do peemedebista. “Não há outro estado no Brasil onde tenha havido tanta corrupção como no Rio de Janeiro. Querer dizer agora, como O Globo vem tentando insinuar, que recebeu só no período de Cabral 2 bilhões de reais em propaganda, que tudo foi culpa da crise internacional e da queda do petróleo, não é não”, disparou. Esta grave denúncia talvez explique a forma cruel e desumana como a TV Globo tratou a prisão do seu desafeto.

- Também em meados de novembro, o jornal Folha publicou uma curiosa notinha: “A TV Bandeirantes no Rio aparece como responsável por quase metade do faturamento da empresa aberta por Sérgio Cabral (PMDB) após sair do governo. O Ministério Público Federal suspeita que a Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica, do peemedebista, tenha sido usada para lavar dinheiro de propina... De acordo com relatório da Receita Federal, a Objetiva emitiu notas fiscais de serviço para apenas dois clientes desde fevereiro de 2015. A TV Bandeirantes repassou R$ 638.993 em 2016. Segundo nota da emissora, foram ‘pagamentos referentes a contrato de consultoria na área comercial e de análise conjuntural”. O caso é estranhíssimo, mas simplesmente foi abafado pela mídia. Nada mais se fala sobre o sinistro pagamento.

- Por último, reproduzo a denúncia feita pelo blog Diário do Centro do Mundo sobre a grana jorrada pelo governo de Sérgio Cabral para a Fundação Roberto Marinho – que pertence aos mesmos donos do império global:

*****

Globo recebeu R$ 78 milhões de Cabral e Pezão via Fundação Roberto Marinho

Por Kiko Nogueira – 23/11/2016

A Globo é sócia de todos os grandes negócios do país — futebol, carnavais variados e, obviamente, política.

Não é a parceira, digamos, ideal. Ela sempre se dá bem, enquanto a outra parte se afunda. Quando julgou necessário, queimou Ricardo Teixeira, por exemplo, ex-presidente da CBF, sem avisar seu público da relação íntima e lucrativa de Teixeira com a casa.

Com Sérgio Cabral, o ex-governador do Rio caído em desgraça, não está sendo diferente.

O grupo Pequena Mídia fez o levantamento de quanto os governos Cabral e Pezão investiram na Fundação Roberto Marinho.

O valor ultrapassa 78 milhões de reais.

A maior parte do dinheiro foi para o MIS e o Museu do Amanhã. Mas um dado que também chama a atenção é o montante destinado para o que aparece descrito como “implantação da metodologia do Telecurso nas escolas na rede estadual de jovens e adultos”.

Em 2013, a FRM ganhou 4,2 milhões para “atender 36 mil alunos”. “Adoraria ver como eles prestaram contas disso”, disse ao DCM um ex-diretor do MinC, especialista em Lei Rouanet. “Duvido que comprovem”.

Apesar da grana no Telecurso, a educação no Rio é uma calamidade.

Segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, Ideb, de 2015, o estado não atingiu as metas estipuladas pelo Instituto Nacional de Estudo e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira em nenhum dos níveis analisados. O pior resultado é o do ensino médio, que se mantém sem avanço há três anos.

Em 2010, um caso acabou causando certo barulho. A Secretaria do Ambiente, em nota, informou que “uma obra monumental surgirá em breve no píer Mauá”.

Tratava-se do Museu do Amanhã. A própria SEA divulgou que “o custo total do projeto gira em torno de R$ 130 milhões, cabendo ao Estado cerca de R$ 24 milhões do investimento e o restante à Prefeitura. Os recursos estaduais são oriundos do Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam), da Secretaria do Ambiente”.

Essa verba, originalmente, era usada em obras de contenção de encostas, dragagem de rios e prevenção de enchentes.

De acordo com a apuração do Pequena Mídia, o ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher e sucessora Rosinha não liberaram nada para a Fundação Roberto Marinho durante suas gestões.

PS: como se pôde notar, não entraram nessa conta os gastos com publicidade. O Portal da Transparência aponta apenas o que foi desembolsado para as agências, não para os destinatários finais. É um truque.

O DCM está apurando esses números e os apresentará oportunamente.

0 comentários: