terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Cunha, Gol e o sinistro acordo de leniência

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Por Altamiro Borges

Na semana passada, a companhia aérea Gol divulgou uma nota lacônica informando que assinou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal no qual se compromete a pagar reparações de R$ 12 milhões. Nada mais explicou e nem foi questionada pela mídia privada – que ganha fortunas com os anúncios publicitários da empresa. O acordo tem relação direta com as investigações da Operação Lava-Jato, que descobriram as sinistras relações entre a companhia e o correntista suíço Eduardo Cunha, o chefe da “assembleia de bandidos” que detonou o processo de impeachment da presidenta Dilma e que atualmente reside em um presídio do Paraná.

Segundo as apurações, empresas ligadas à suspeita família dona da Gol teria feito pagamentos de cerca de R$ 3 milhões as firmas controladas pelo ex-presidente da Câmara Federal. Entre outras maracutaias, a companhia aérea pagou publicidade em sites de Eduardo Cunha, como o oportunisticamente chamado “Fé em Jesus”, em valores muito acima dos de mercado. De acordo com os procuradores da Lava-Jato, a grana serviu como propina para defender os interesses das empresas em projetos em tramitação no parlamento. No seu comunicado lacônico, a Gol informa que contratou uma auditoria externa para apurar o assunto, mas que a investigação “ainda não foi finalizada”.

Pelo acordo de leniência, o Ministério Público Federal se compromete a não propor ações penais ou cíveis contra a companhia aérea ou seus proprietários. O compromisso ainda precisará ser homologado pela 13ª Vara Federal de Curitiba, comandada pelo juiz Sergio Moro. Será que o famoso “justiceiro” vai explicar melhor o que rolou nas negociatas entre o lobista Eduardo Cunha e a poderosa família Constantino, que fatura cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano, sendo dona da Gol e do grupo Comporte – que tem 6 mil ônibus em circulação no país? Ou será que a sua única obsessão, quase doentia, é perseguir o ex-presidente Lula? Será que também rola grana nestes acordos no Judiciário? Será?

Em tempo: Não é a primeira vez que empresas ligadas à família Constantino aparecem ligadas ao presidiário Eduardo Cunha. Em julho deste ano, relatório apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontou que as empresas Viação Piracicabana e a Princesa do Norte teriam pagado R$ 492 mil para Lúcio Bologna Funaro, descrito pela Lava-Jato como “operador de propinas de Eduardo Cunha”.

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